TENHA EMPATIA POR UMA MÃE DE UM BEBÊ COM APLV!
- Ana Carolina
- 4 de jan. de 2016
- 6 min de leitura
“Empatia: Capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.”1

Mas o que é APLV?
Alergia à proteína do leite de vaca, mais comum em bebês. Não tem nada a ver com intolerância à lactose, comum em adultos. Na intolerância você pode consumir quantidades mínimas de lactose, existe leite sem lactose, leite condensado sem lactose... Na alergia você não pode consumir quantidades mínimas e não existe leite sem a proteína do leite. Então não ofereça leite sem lactose a uma mãe amamentando um bebê com APLV.
Por que amamentando?
Quase tudo o que a mãe ingere passa para o leite materno. Basta ler a bula de medicamentos. Se remédio passa, se álcool passa, substâncias que causam alergia também passam. Se a mãe entrar em contato com quantidades mínimas de leite de vaca, o bebê vai receber a proteína que causa alergia e vai reagir.
Mínimo quanto?
Alguns bebês reagem a traços.
O que são traços de leite?
É quando um produto entra em contato com um equipamento onde foi processado leite. Exemplo, um chocolate amargo que não contém leite foi processado no mesmo equipamento que o chocolate ao leite. Possivelmente esse chocolate amargo contém traços de leite. Um pão integral sem leite foi processado no mesmo equipamento que um pão de forma que contém leite. Provavelmente o pão integral contém traços de leite. Outros reagem a utensílios compartilhados.
Como assim?
Todos os utensílios devem ser separados dos demais moradores da casa. Prato, garfo, copo, até mesmo bucha de lavar louça. Algumas crianças reagem até mesmo ao cheiro da manteiga quando passam pelo pipoqueiro na rua.
Então não é melhor parar de amamentar?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o aleitamento materno previne alergias e melhora a imunidade. Além disso, a lata de 400 g da fórmula para bebês com APLV custa entre R$ 120,00 e R$ 160,00 e essa quantidade é suficiente para aproximadamente 3 dias, dependendo do tamanho do bebê. Nem toda família tem condições de aumentar o orçamento familiar em mais de R$ 1000,00 por mês. A escolha é da mãe, caso tenha leite, de continuar o aleitamento com uma dieta restrita ou partir para a fórmula.
É frescura, é invenção, não existe. Antigamente ninguém tinha isso.
Antigamente ninguém tinha câncer também. As pessoas morriam de morte matada ou de morte morrida. Não existia diagnóstico adequado e as pessoas viviam em média apenas 50 anos. Mal dava tempo de entrar no grupo de risco para câncer de mama ou de próstata. O estilo de vida era outro. Para quem pensa que estilo de vida não tem nada a ver com câncer, o índice de câncer de boca, esôfago e estômago no Rio Grande do Sul é consideravelmente maior do que no restante do Brasil só porque eles comem churrasco todo dia. Hoje os casos de câncer no mundo são altíssimos e aumentam cada dia mais. Nem por isso o câncer é uma invenção. Com APLV ocorre o mesmo. Não existia diagnóstico. Além disso, os alimentos não eram industrializados e nossa alimentação não era a base de leite. Duvida? Há quantos anos existe o leite em pó, o leite condensado? Você sabe fazer uma sobremesa gostosa sem leite condensado ou creme de leite? Agora pegue o livro de receitas da sua avó. Era a base de açúcar e frutas. Eram compotas, doces cristalizados. A comida era arroz, feijão, carne, salada. A linguiça era feita em casa, ou na casa do vizinho. O frango era do quintal. “Ah mas tinha uma vaca no quintal, a vovó tomava leite todas as manhãs...” Sim, um copo de leite. Quer saber onde tem leite hoje em dia?
Café da manhã: pão (mesmo pão sem leite tem traços de leite), torradas e biscoitos de água e sal (contém traços de leite), manteiga, requeijão, queijo, presunto, salame e mortadela (quase todas as marcas de embutidos), no próprio leite com café, no leite com nescau (inclusive no nescau puro) e na vitamina;
Almoço: tem leite em algumas marcas de frango e bacon, em quase todas as marcas de linguiça, em nuggets, filé a parmegiana, massas ao molho branco, no estrogonofe, no fricassê, em praticamente todos os temperos prontos e caldos para temperar, nas sopas instantâneas, nos temperos de macarrão instantâneo e até no tender do Natal;
Sobremesas: praticamente todas, nem vou listar para não me aborrecer (inclusive 99,9% dos chocolates do mundo, que quando não têm leite, têm traços);
Lanchinhos práticos para comer na rua: quase todos os salgadinhos, biscoitos, cookies, sorvetes, barrinhas de cereal, até a batata frita do Mc Donalds contém leite;
Aniversário: todas as tortas, todos os docinhos, os pães de queijo, os salgadinhos nem menciono também, pois quando não tem presunto tem queijo, quando não tem queijo tem linguiça, quando não tem linguiça tem frango, isso se não tiver catupiry, sobrando para a mamãe consumir um extenso menu de refrigerantes e água.
Então o que sobra para comer sem leite?
Pão feito em casa, patê feito em casa, frutas, legumes no vapor ou no azeite, massas sem queijo ralado, arroz, carne, biscoitos comprados em lojas específicas, comidas cozidas no alho e na cebola (nada de caldo nem tempero pronto!). Enfim, tem bastante coisa que uma mãe de um bebê com alergia pode comer. Esse é o menor dos problemas. Ninguém morre de fome porque não pode comer um brigadeiro numa festa de aniversário. Nenhuma mãe morre de tristeza por isso.
Qual é a maior dificuldade?
Falta de respeito. Se a mãe não quer comer, o problema é dela. Quando o bebê reage, o problema é dela, então deixe que ela decida se quer arriscar ou não. É uma loteria. Tem bebês que não reagem a traços, outros reagem também a ovo, soja, trigo, oleaginosas... Minha filha só reage ao leite de vaca, mas desde que descobri a APLV tenho evitado outros alérgenos. Se ela está no grupo de risco, eu deixo a minha cota de alérgenos alimentares quando estou com muita vontade.
E quais são os sintomas da APLV?
Cólica, distensão abdominal, placas vermelhas na pele, assaduras, refluxo, vômito, dificuldade para dormir, diarreia, muco e sangue nas fezes, sangue no vômito, chiado no peito, nariz entupido, pneumonia, perda de peso, dor ao se alimentar, entre outros.
O que é mais triste para uma família com um bebê com APLV?
Quando as pessoas debocham, quando não acreditam nos pais, quando permitem que o bebê entre em contato com leite por acharem que é frescura, quando numa festa as pessoas comem brigadeiro e beijam o bebê, achando que nada vai acontecer. Já vi relatos de bebês que foram hospitalizados por entrar em contato com pessoas que tinham comido produtos a base de leite. Ninguém alérgico a camarão abraça alguém que acabou de comer camarão. Ninguém com alergia a um antibiótico toma “só uma vez” ou “só um pouquinho”. Reações alérgicas pioram a cada novo contato com o alérgeno.
De que adianta a mamãe se privar de tantas coisas, lavar utensílios separados, aprender receitas de pão caseiro, comer inhame no café da manhã, se alguém que comeu queijo pegar no bebê sem lavar as mãos?
Isso é falta de respeito com a família, com o bebê, com a mamãe que está numa dieta restrita sem sequer reclamar.
O que posso fazer para ajudar?
Não questione nem deboche das decisões da mamãe e do papai;
Não ofereça nada para a criança (isso serve para todas as crianças) antes de perguntar ao pai ou à mãe se pode;
Não encoste no bebê antes de lavar bem as mãos e a boca, se for beijar;
Não coloque nada no prato da mamãe sem ela pedir, não use seu talher para se servir da panela, não coloque a mão de salgadinho de queijo dentro do pacote de cookies da mamãe. Sabemos que é muita chatice, mas as reações dos bebês são de partir o coração;
Não fique com pena de ninguém. Pode acontecer com qualquer um. No fim das contas a mãe estará tão feliz em ver que o bebê está bem que nem vai ligar para o brigadeiro. E o bebê nunca comeu, nem sabe o que é, não vai sentir falta;
E por fim, não fique insistindo para a mamãe comer. Deixe que ela decida se está segura ou não para experimentar coisas novas.
Se você conhece alguém com APLV ou é mamãe de uma criança com alergia alimentar e se identificou com o texto, curta a página no facebook e compartilhe essas informações. Esse é o tipo de texto que deve ser viralizado para que todos entendam e se coloquem na pele da mamãe de uma criança com alergia. Vamos divulgar!
1 - Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/empatia
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